São em momentos difíceis que entendemos a beleza da vida e o valor real das coisas

É necessário ter vivido, experimentado, testado e sido colocado à prova para compreender a beleza que tem o sal na vida, o gosto da lágrima escorrida após percorrer a longa distância entre o canto dos olhos e o do lábio, alcançando a língua.

O sabor da gastronomia e das bebidas ao longo da vida serve então para compreender que nada pode ter gosto melhor que a compreensão sobre si mesmo.

Sem o gosto que as perdas, derrotas, dificuldades e situações em que nos sentimos pequenos diante da imensidão não é possível sequer compreender o quão importante são os antagonistas em nossas existências.

Em teoria, a leitura e o conhecimento da filosofia do Stefano D’Anna em seu livro A Escola dos Deuses já me deixava claro tal conhecimento, mas são nas batalhas sofridas no curso da vida que aprendemos, de fato, a dar valor a cada antagonista, a cada dificuldade e a cada situação em que nos colocamos.

São em momentos difíceis que entendemos a beleza da vida e o valor real das coisas. Quando o valor do dinheiro deixa de ter importância é que nos lembramos do sacrifício que os nossos pais fizeram para nos dar educação, saúde e boa alimentação. E que só anos depois é possível entender, quando, na condição de pai agora, as noites sem dormir, as angustias e dificuldades que meus pais devem ter passado e que pra aumentar ainda seu valor fizeram de tudo para que eu não percebesse nada. Na época, o aprendizado era deles.

Agora é o meu, e agora percebo que nos meus momentos de angústia, dor ou de dificuldades ao longo da vida, se ao invés de reclamar ou sofrer eu agradecer, eles me servem para dar valor ao aprendizado. E assim, agradeço ao que meus pais fizeram por mim, e antes deles, o que meus avós fizeram por meus pais.

E daí, pela compreensão pela dor é que posso então transformar o sal de minhas lágrimas em saboroso alimento de minha alma.

Transformar as dores e as angústias em gratidão e aprendizado, e assim, por transcender a percepção limitada de outrora, na certeza do amanhã me libertar no presente da necessidade do sofrimento e passar a contemplar a beleza da vida, mesmo nos períodos de turbulência.

Quem nos vê por fora, na fortaleza de nossos personagens e máscaras do convívio social na maioria das vezes nos enxerga como as crianças enxergam seus pais, grandes e cheios de força. Porém, internamente, cada um carrega suas próprias dores, angústias, medos, incertezas, fraquezas e sofrimentos.

A beleza do autoconhecimento, o conhecimento de si próprio e o conhecimento que vem do alto, somados à profunda busca por sabedoria e evolução sincera, nos leva a colocar para fora todos esses sentimentos e experiências negativas de maneira a transformá-los em degraus de nossa evolução. Quanto mais degraus, maior a escada, maior a subida. E mesmo que ainda exija esforço, certamente nos leva para mais próximo da integridade que nos possibilitará alcançar a maturidade e evolução para voltar ao jardim do criador, pai e mãe celestial.

Faço desse desabafo não apenas a materialização de meu aprendizado com uma dificuldade e sofrimento momentâneo mas especialmente meu registro de gratidão a meus pais materiais. Faço desse desabafo da alma, o registro de minhas fragilidades, de minha condição humana, que certamente pela observação de meu próprio ser me auxiliará a subir alguns degraus rumo à integridade e à certeza, pela ausência de medos, emoções e pensamentos negativos me transformar em herói de minha própria história.

Faço desse exercício de transformar em palavras as emoções e pensamentos que me turvavam a mente e enchiam os olhos d’água em um momento de reflexão, gratidão e aprendizado.

Faço, enquanto escrevo pela orientação da alma e não do intelecto, meu registro da certeza de que um herói escreve sua história nas batalhas que luta, e ganha seu lugar na imortalidade não pelas vitórias ou conquistas e muito menos pelas derrotas, mas sim pela certeza do propósito da luta e pelos valores que valem a pena lutar.

Continuo na luta tendo como arma apenas uma espada de Luz, daquelas que todos nós guerreiros carregamos quando servimos ao bem maior, espada essa que ilumina e clareia a compreensão de que nas batalhas da vida o único adversário real a vencer é a si mesmo.

Leave a Reply