Quantas pessoas, e eu mesmo, inúmeras vezes na vida não lamentei de não ter opção?

 

Melhor dizendo, as situações que às vezes se apresentam em nossas vidas nos colocam apenas uma opção, ou seja, nos colocam fazendo, agindo, contemplando ou ainda nos paralisando frente aos inegáveis momentos difíceis da vida de cada um.

Se até Jesus, um dos maiores mestres que já passou por este planeta, teve seus momentos de dificuldade, lamentou e questionou seu Pai – porque O teria abandonado – imagine nós, mortais, ainda em fase de evolução?

Pois bem, nessas horas de dificuldades temos sempre a opção de lamentar ou seguir o filosófico ensinamento da propaganda de uísque: “Keep Walking” (continue andando).

Minha compreensão em um flash de pensamento – que creio ser fruto da soma de minhas experiências com uma súbita inspiração soprada – me fez encarar as dificuldades de uma forma diferente. Creio que as dificuldades, a falta de opções, a situação de não se ter escolha são, de fato, momentos em que precisamos ter experiências e aprendizados específicos.

Se pensarmos assim, podemos ver a Maestria do Cosmos, a força e harmonia divina, o trabalho e perfeição de Deus, do Grande Arquiteto do Universo, a voz e atuação do Espírito Santo, o trabalho da espiritualidade, ou chame-se lá como for, em cada simples momento de nossas vidas.

Quando precisamos de um remédio salutar recebemos uma situação, ou uma dificuldade para podermos passar pelo processo de cura. O fato de ter apenas uma alternativa a escolher coloca-nos normalmente em uma situação de angústia, de insegurança e tantas outras formas pensamento negativos, sendo nossa a decisão de sofrer ou não com isso. Se mudarmos nossa percepção, veremos que na verdade, temos uma graça Divina de oportunidade de aprendizado, evolução e crescimento. Se temos apenas uma escolha nos é dada então a chance de transpor barreiras, sendo nossa a opção de sofrer ou não com isso.

Podemos passar pela situação sem sofrer e tirar dela o aprendizado que precisávamos para nossa evolução. Isto certamente tem dois enormes benefícios. O primeiro é que não teremos que passar mais por situações semelhantes, pelo menos não para aprender aquela específica situação ou lição. O segundo é que com isso nos tornamos pessoas mais sábias e por assim ser, pessoas com a consciência expandida e por consequência, mais próximos do Criador.

Não ter opção é, por si só, um presente de Deus para nos colocar no caminho que precisamos, não no que queremos. Aproveitar ao máximo, então, cada situação, cada momento, cada obstáculo dessas circunstancias é a chave que precisamos para abrir o misterioso caminho do autoconhecimento e evolução pessoal, crescimento espiritual, como dizem alguns, ou a iluminação como dizem os hindus.

Como trata a filosofia do livro A Escola dos Deuses: “seu antagonista é na verdade seu maior aliado”.

Paradoxalmente, vejo que quando temos muitas opções, a vida não quer nos dar necessariamente muitas coisas ou alternativas, quer que exerçamos nosso poder de livre arbítrio. Ter várias opções nos coloca para pensar em nossos valores, nossos objetivos e missões pessoais, em nossas fraquezas, defeitos, talentos, dons e competências.

A múltipla escolha pode ser angustiante e trazer a indecisão para o centro de ser humano. Mas pode também nos fazer pensar que se temos várias alternativas, estamos tendo nosso livre arbítrio posto à prova e podemos escolher sabiamente, apurando nossa caminhada ou, por outro lado, se motivados pelo ego para fins menos nobres, o tempo e as consequências nos mostrarão que temos ainda muito a aprender. Em qualquer caso, somos sempre aprendizes.

Não podemos então, perder tempo lamentando, lamuriando ou questionando o fato de nos depararmos com encruzilhadas durante a vida. Todos nós passamos e passaremos por elas, inevitavelmente. São as encruzilhadas que depuram os homens ao separar os homens dos meninos.

Encontro-me hoje nessa situação paradoxal de ter várias estradas à minha frente e ter de tomar apenas uma delas. O que antes eu talvez entendesse como problema, hoje percebo e enxergo como grande oportunidade de aprendizado e exercício de minhas faculdades e valores morais e éticos, além da evolução da compreensão, do amor e do serviço. Em situações como essa, podemos demonstrar se evoluímos, se estamos pensando nos outros antes de pensar em nós mesmos, se estamos tomando decisões equilibradas entre razão e emoção e se realmente estamos fazendo aquilo que cada um de nós veio aqui fazer.

Reitero: definir o próprio rumo não precisa ser angustiante, motivo de indecisão ou ansiedade. Como canta Leila Pinheiro “tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo”. Assim podemos certamente escutar a Voz que vem do coração e tomar a melhor decisão, escolher a melhor opção para o agora e sempre.

Com isso, não só afirmamos e confirmamos nossas tendências e personalidade, mas também, depois de tomada a decisão, aceitamos passar pelo que se tem que passar, aprender o que se tem que aprender.

Enfim, como Flávia Wenceslau com sua linda voz canta “..a vida é bela, mesmo que eu não saiba o que acontecerá…”

Grato então, meu Pai, pela oportunidade, mais uma vez de poder exercer meu livre arbítrio, de entender que a única busca é pela sabedoria. Pois em momentos como esse é a única coisa que pode nos ajudar a distinguir a ilusão da realidade, a promessa da certeza, o amor e o serviço e não a recompensa material.

Salve as opções ou a falta delas, pois em ambos os casos, tudo está certo como está.

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