As melhores cidades do mundo para se pedalar estão também nos mais altos postos nos índices de felicidade de seus moradores.

Ao ver uma criança começar a pedalar, imediatamente fica evidente sua alegria e felicidade com a conquista, a liberdade, o equilíbrio em movimento. Também ficam em estado de felicidade os pais dessa criança e todos aqueles que presenciam esses momentos.

Uma metáfora da vida, pedalar é estar em equilíbrio enquanto nos movimentamos. Talvez por isso, Albert Einstein tenha cunhado a frase “Viver é como andar de bicicleta: é preciso estar em constante movimento para manter o equilíbrio”.

O mais incrível é ver a correlação muito clara que existe entre a felicidade de um povo e o quanto a bicicleta está inserida na sua cultura, no seu dia-a-dia, na sua mobilidade.

As melhores cidades do mundo para se pedalar, não por acaso, estão também nos mais altos postos nos índices de felicidade, medido pelo indicador FIB, hoje já um indicador aceito e promovido pelas Nações Unidas. O maior exemplo atualmente é Copenhagen, que é a melhor cidade para se pedalar do mundo e a que tem o mais alto índice de felicidade, segundo o FIB.

Que andar de bicicleta nos deixa feliz é quase que unânime, agora que isso seja um fator no índice de felicidade de um país, talvez seja novidade para nós aqui no Patropi.

E isso ocorre não apenas pela alegria e sensação de liberdade que a bicicleta proporciona ao indivíduo, e sim porque um Estado (país, estado e município) que põe como prioridade a mobilidade através da bicicleta e sua integração modal com o transporte público muda sua forma de pensar. Com isso, muda a atitude e consequentemente o estado emocional de seu povo.

Para que um cidadão se sinta confiante e seguro em pegar sua bicicleta e sair para trabalhar, fazer compras e se divertir, em detrimento de pegar um carro – como acontece naturalmente em muitos países e cidades, especialmente na Alemanha, Holanda, Suíça, Dinamarca e já em lugares na América do Sul, como em Bogotá, na Colômbia, por exemplo – é preciso que outros fatores sejam resolvidos e priorizados pela sociedade e por aqueles que a representam.

É preciso que o transporte público seja eficiente e digno. É preciso que as vias sejam bem sinalizadas.  Que as vias sejam limpas, que haja organização no trânsito e bem sinalizadas ciclovias, ciclo-faixas e ciclo-rotas.

Não podemos esquecer de um fator fundamental: é preciso que as ruas sejam seguras (pois andar com medo de ser assaltado não deixa ninguém feliz, por melhor que for a bicicleta ou mesmo dentro de uma limusine) e que seja seguro deixar a bicicleta com um cadeado simples no bicicletário e quando voltarmos ela estará lá, intacta. E essa parte depende mais de nós, o povo, mais do que dos governos e da polícia.

Num país ou cidade feliz, há um equilíbrio em movimento. Não apenas nas bicicletas que rodam aos montes com segurança, mas também nos trens, ônibus, metros, taxis, motos, transeuntes e cadeirantes que se misturam, interagem e vivem em harmonia. Há equilíbrio entre o que se paga de impostos e o que se tem de volta em serviço. E este equilíbrio, respeito e confiança, fazem as pessoas se sentirem seguras e felizes.

Acima de tudo, é preciso que as pessoas respeitem as pessoas. Que os carros respeitem as bicicletas, que as bicicletas e pedestres confiem que podem andar seguros sem que nenhum carro, ônibus ou caminhão vai deixar de respeitá-las.

Ou seja, mais uma vez, para sermos felizes, é necessário consciência e atitude coletiva. Começa com cada um de nós, com o respeito ao próximo.

Esse é o país que queremos, a cidade que merecemos e a mobilidade que nos dê a liberdade de nos sentirmos sempre como a criança quando aprende a pedalar.

Sejamos felizes, pedalando ou respeitando quem pedala.

Publicado também em minha coluna no http://sociedadepublica.com.br/author/luizlucas/

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